Um pouco de humanidade diante da dor - como lidar com o sofrimento nas situações de crise

Na última semana, fomos todos acometidos por uma grande tragédia de proporções doloridas e desastrosas. Uma situação de crise como a que aconteceu na escola estadual de Suzano toca a cada um de nós em particular e também afeta a nossa coletividade, despertando medos e angustias as quais cotidianamente não prestamos tanta atenção.

Diante de tamanho sofrimento, é comum que questões de grande angústia sejam trazidas principalmente por crianças e adolescentes, pois a escola é um dos lugares que mais inspira segurança e vinculação social e emocional.

E, então, nos deparamos com uma questão fundamental: como auxiliar nossas crianças a lidarem com as emoções e os sentimentos que emanam à partir de uma situação traumática? Essa é sempre uma questão delicada e que depende de fatores diversos, mas algumas medidas simples podem ser adotadas para auxiliar na condução desta questão, e estão aqui algumas possibilidades:

Em uma situação de crise e/ou desastre, a primeira coisa que se perde é a segurança- de si, em si e no meio. É fundamental que possamos atuar no sentido de restabelecer o senso de segurança, e isso se dá fundamentalmente através da escuta.

Tenha em mente que crianças e adolescentes estão firmando e formando o seu referencial de mundo, e isso significa que essa construção é feita através de um processo de identificação. Quando uma situação extrema acontece com alguém que desperte essa identificação, é natural e esperado que sentimentos de angústia e medo se intensifiquem. Valide esses sentimentos através da escuta, permita que suas crianças falem a respeito do que sentem o quanto lhes parecer necessário.

Reforce com suas crianças a importância de não propagar de não assistir os possíveis vídeos ou imagens que estão sendo propagadas em grupos de aplicativos de mensagens e demais veículos de mídia. Esta é uma postura empática e fundamental para tentar restabelecer os sentimentos de segurança.

Considere que, para algumas questões da vida, por mais que nos esforcemos, jamais conseguiremos alcançar justificativas ou respostas coesas. Apesar de todas as especulações da mídia e das tentativas de encontrar respostas que tragam algum conforto, a situação em questão aconteceu por diversos e múltiplos fatores, os quais provavelmente jamais conseguiremos compreender na totalidade.

Acolha as suas crianças, o quanto for necessário. Ofereça colo, permita que chorem, que contem sobre suas fantasias. Tudo bem se quiserem dormir com você, se precisarem que você os acompanhe até a porta da escola, que converse com os professores e com a coordenação da escola onde estudam. Esta é uma situação atípica, e que carece de atenção especial, e sobretudo de acolhimento e amor. Isso certamente fará com que o tempo de sofrimento por esta situação seja diminuído. Se a organização familiar tiver alguma crença religiosa, os ritos também podem ser maneiras de aliviar o sofrimento emocional na situação de crise.

Caso perceba necessidade, procure atendimento psicológico especializado, inclusive para que você possa e consiga lidar com a demanda emocional que a situação lhe despertar. Falar, principalmente em situações que inspiram tanto sofrimento, é extremamente curativo.


Escrito pela psicóloga Juliana Piccoli.

Nossos sentimentos!

Abraços, Equipe Harmonie



















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