Sonhos

Sonhos: Mensageiros do nosso mundo interior
Por Silmara Vicente


Os sonhos exercem certo fascínio sobre nós. Posto que, todos nós sonhamos e não raro lembramos pelo menos de alguns de nossos sonhos. Muito deles são tão misteriosos quanto reais e marcantes que seria praticamente impossível não conter nenhum significado. 

Normalmente os sonhos não são o que parecem, manifestam-se em forma de símbolos que precisam ser interpretados e podem nos perturbar por várias razões chegando até mesmo a interromper o nosso sono. Alguns permanecem durante anos em nossa memória, impressionando-nos com sua frequência e nossa dificuldade em compreendê-los.

Sabemos que todos os animais sonham e os seres humanos possivelmente começaram a sonhar bem antes de terem consciência para pensar sobre a questão.

Os símbolos ou elementos que se apresentam no sonho são retratos de algum aspecto do próprio sonhador e devem ser trabalhados de modo especial para que sejam bem interpretados.

Os sonhos podem vir acompanhados de sensações, sentimentos, movimentos, cores (colorido ou preto e branco).

As teorias mais importantes sobre os sonhos são as do psiquiatra austríaco Sigmund Freud (1856-1939) e seu colaborador suiço Carl Gustav Jung (1875-1961) que se separou de seu mentor após um desacordo.

Freud preconizou a teoria da realização dos desejos como o eixo de grande parte dos sonhos, ainda que esses pudessem ser impelidos por estímulos externos. Segundo ele, os sonhos contemplam nossos desejos mais íntimos, estabelecidos na primeira infância, abrangendo conteúdos relevantes. Enfatizou a natureza erótica dos sonhos e toda a simbologia que reflete.

Jung contribuiu com Freud por alguns anos, no entanto divergiu na questão de que problemas sexuais enrustidos não são a base de grande parte dos sonhos, era o que alegava Jung. Freud acreditava que os sonhos fossem resultantes de desejos disfarçados e que em geral continuavam disfarçados; Jung defendia que os sonhos revelavam nossos desejos mais íntimos e que nos permitia perceber nossos conteúdos mais profundos e ajudando-nos a integrá-los na nossa consciência. Jung propunha que os sonhos são verdadeiramente portadores de importante mensagens para nós mesmos, mensagens estas que ignoramos em nosso prejuízo.

Os sonhos possuem um sentido próprio, ainda que ocasionados por alguma desordem emocional em que estejam também relacionados os problemas habituais do individuo.

Dentro da psicoterapia de orientação junguiana os sonhos são importantes ferramentas que nos conduzem ao mundo interno do paciente, auxiliando o processo de análise.

Como os sonhos podem ser esquecidos com muita facilidade e não raro ficamos com a sensação de que pouco sonhamos e até que não sonhamos, criar a hábito de anotar os sonhos é um treino de memória para aprendermos a recordar os nossos sonhos para posteriormente interpretá-los. Deixar um caderno ao lado da cama, para inicialmente registrar as palavras chaves para depois descrevê-lo com calma é uma forma de estimular a memória para acessar o sonho. Anotar as sensações que o sonho nos causou ao acordarmos e a emoção vivida no sonho pode ajudar no momento da interpretação.

Jung declara que o sonho transforma a situação e agrega o material que ainda está faltando na consciência do indivíduo, de maneira a promover melhora em relação à atitude do paciente. Este processo aclara o nosso olhar quanto à importância da análise dos sonhos no trabalho psicoterapêutico.

Referência Bibliográfica

- JUNG, C.G. A Natureza da Psique: aspectos gerais da psicologia do sonho. 5a Edição. Petrópolis: Editora Vozes,2000.

- JUNG, C.G. O Homem e seus símbolos: a função dos sonhos. 23a Impressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.


Texto de Silmara Vicente
Psicóloga 
Analista Junguiana



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